3 de setembro de 2021 Em Matéria

O mundo em transformação numa velocidade cada vez mais acelerada

Você já reparou como a cada dia que passa temos a sensação que o tempo passa mais rápido do que antes?

Você já reparou como a cada dia que passa temos a sensação que o tempo passa mais rápido do que antes?

Existem diversos estudos que tentam explicar porque temos essa sensação, contudo, sem me basear em nenhum estudo eu tenho a minha opinião. Acredito que a sensação de que o mundo está girando mais rápido, apesar de que continuamos tendo 24 horas por dia e 7 dias por semana é bastante simples, a velocidade acelerada que tudo está tomando.

Quando falo de velocidade acelerada, estou falando de forma ampla, velocidade das mudanças, da comunicação, do ciclo de vida dos produtos e serviços, etc.

Apenas como exemplo para reflexão, hoje em dia eu já acho que o e-mail é uma ferramenta muito lenta para me comunicar com clientes e amigos. Algo que há poucos anos foi revolucionário está “caindo em desuso” tanto é verdade que com meus clientes, em sua grande maioria, a comunicação e troca de informações, documentos e notícias se dão predominantemente por WhatsApp.

As poucas vezes que um cliente me manda algo por e-mail ele tem que me avisar por WhatsApp que um e-mail foi enviado.

Devo checar minha caixa de e-mail uma vez por dia, isso quando não passo mais de um dia sem checá-la. Claro que vejo no celular se tem algum e-mail “importante” que necessita de tratamento imediato, para então abrir o computador e lê-lo e dar o tratamento necessário.

Você já reparou, que hoje em dia nos sentimos constrangidos de ligar para alguém sem antes enviar um WhatsApp perguntando se a pessoa pode falar?

Ou seja, pegar o telefone e ligar para alguém sem nenhum “aviso prévio” era algo absolutamente normal há pouco tempo atrás, hoje em dia é algo que pode ser inclusive considerado indelicado e invasivo.

Esses pequenos exemplos servem apenas para mostrar como nossas vidas e o mundo muda em uma velocidade exponencializada.

Sem falar das mudanças que vivemos por conta da pandemia de COVID-19. Quem poderia imaginar há poucos meses a possibilidade de fazer uma série de reuniões e trabalhos de forma remota?

Outro dia conversado com um cliente meu que fica fora de São Paulo, ele me comentou que em 2019 ele teve que fazer uma reunião no Google aqui em São Paulo, e fez o que todos sempre faziam. Pegou um carro foi até o aeroporto, pegou um avião para Congonhas, pegou um taxi, foi até o Google na Faria Lima, fez a reunião e depois fez todo o caminho de volta. Resumo dessa “saga” um dia inteiro investido em uma reunião de pouco mais de 60 minutos, mais de R$ 2.500,00 de custos com logística. Algo que agora, após nossas adaptações à pandemia,  seria realizado via Zoom sem ele ter que ao menos sair de casa.

Reparem o ganho de produtividade que ganhamos com essa adaptação……

Entrando mais especificamente no mundo dos negócios e empresas, eu costumo dizer que tenho poucas certezas na vida, sendo elas: 1) que um dia vou morrer; 2) que as empresas terão que ser multicanais; e, 3) que a fórmula do sucesso que nos trouxe até aqui não servirá para nos levar ao sucesso futuro.

Explorando um pouco mais os itens (2) e (3), vamos falar um pouco deles:

2) que as empresas terão que ser multicanais

A cada dia que passa,  com o crescimento dos meios eletrônicos e a capacidade de comunicação das pessoas, cada indivíduo tem como escolher como prefere ser atendido por uma empresa e/ou prestador de serviços. Até pouco tempo, por exemplo, uma empresa realizava todas as suas vendas através da sua equipe comercial, que poderia ser uma equipe própria ou terceirizada no formato de RCA (representante comercial autônomo). Vamos supor que estamos falando de uma indústria que vende seus produtos.

É muito provável que essa indústria esteja com sua força de vendas baseadas senão 100% em RCAs, com uma proporção gigante deles. Esse modelo que foi um modelo de muito sucesso até pouco tempo atrás já não traz os mesmos resultados que as indústrias precisam, seja porque não temos como fazer uma gestão ativa do RCA, seja porque o cliente nem sempre pode receber o representante na hora que ele (RCA) quer ou pode passar no cliente para uma visita para realizar a venda.

Cada vez mais os clientes estão preferindo outros canais para se relacionarem com seus fornecedores, podendo eles ser: televendas, internet, WhatsApp, aplicativos, etc.

Portanto as empresas são “obrigadas” a oferecer todos os canais de vendas para seus clientes, caso contrário correm sérios riscos de perderem faturamento e clientes.

3) que a fórmula do sucesso que nos trouxe até aqui não servirá para nos levar ao sucesso futuro

Quantas empresas que você se lembra que foram dominantes nos seus mercados há algum tempo e hoje já não são mais dominantes? 

Posso citar algumas, Kodak, Olivetti, Yahoo, Orkut, Blockbuster, enfim a lista é quase infinita, e notem que eu citei empresas muito tradicionais durante décadas, bem como empresas relativamente mais jovens do mundo da tecnologia, indústria e serviços. 

O que estou querendo demonstrar é que independentemente do segmento de atuação o sucesso do passado não garante o sucesso futuro. Se essas empresas não ficarem muito atentas e ativas na adequação dos seus negócios, promovendo ajustes ou até mesmo mudanças disruptivas, tendo agilidade e capacidade de pivotar suas estratégias com grande velocidade e eficiência, as chances de elas sobreviverem ao longo do tempo tende a zero.

O grande desafio que as empresas enfrentam, portanto, é serem capazes de continuar a entregar seus produtos ou serviços aos seus clientes com excelência, ou seja, garantir o faturamento de hoje, e, ao mesmo tempo adaptarem-se e inovarem para garantirem o faturamento de amanhã.

É nesta ambidestria que muitas empresas acabam por se perderem, pois em muitos casos, deixam a cargo das mesmas pessoas e áreas o pensar e executar o hoje e o amanhã.

A maioria das empresas que tem maior sucesso e por consequência longevidade neste mundo de transformações tão rápidas, acabam por separar as responsabilidades das equipes que cuidam do hoje das equipes que cuidam do amanhã.

As equipes que cuidam do amanhã, não devem sequer ser envolvidas e cobradas pelos resultados do hoje, para que possam se focar de corpo e alma no negócio do futuro, porque sempre que há uma competição entre o garantir o hoje e o desenvolver o amanhã, o hoje sempre vence essa batalha e o amanhã fica “esquecido” e deixado de lado.

Como consequência disso vemos cada vez mais empresas que tiveram seus ciclos de longevidade encurtados por não serem capazes de desenvolver essa ambidestria.

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